6 de julho de 2008

Alan Woods convidado pelo Presidente Chávez a uma caravana com o povo revolucionário de Nueva Esparta



por Corrente Marxista Revolucionária (Venezuela)
Sexta-feira, 04 de Julho de 2008

Alan Woods na VTV: "A única força capaz de derrotar a oligarquia colombiana é o povo"

Na quarta-feira passada, dia 2 de Julho, Alan Woods esteve como convidado no programa "Contragolpe" da Venezolana de Televisión – VTV –, apresentado pela jornalista Vanessa Davies. "Contragolpe" é um dos programas mais vistos da televisão venezuelana (especialmente pelos partidários da revolução) e Vanessa Davies é uma das jornalistas mais respeitadas do país, a qual esteve entre os candidatos mais votados nas eleições internas para a direção nacional do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV).

A primeira parte da entrevista esteve marcada pela noticia do dia: o resgate de Ingrid Betancourt e outros reféns em poder das FARC, por parte do governo colombiano, e a conseguinte campanha midiática organizada pela oligarquia colombiana e o imperialismo a nível internacional, cujo objetivo é tentar rentabilizar politicamente este golpe de efeito e apresentar como democrático o governo ultra direitista de Álvaro Uribe.

Alan começou explicando: "O primeiro que quero deixar claro é que, como marxista, minhas simpatias estão sempre com os oprimidos e explorados e contra as oligarquias estejam onde estejam e, muito concretamente, contra a oligarquia particularmente brutal e repressora do povo como é a colombiana. Tenho minhas críticas e discrepâncias com as FARC, mas não posso compartilhar o tipo de condenação de terrorismo que faz o governo dos Estados Unidos. O maior terrorista do mundo é, nem mais nem menos, George W. Bush".

O camarada Alan explicou como a luta contra o Estado burguês por parte de um grupo de guerrilheiros à margem das massas, longe de alcançar o objetivo de derrotar a oligarquia, permitiu a esta fortalecer-se e "converter o país em um gigantesco campo armado". Alan defendeu a necessidade de lutar contra a oligarquia e destacou que isto devia se fazer baseado nas massas. Também destacou que este ponto de vista não tem nada em comum com o pacifismo e que o que ele defende é a luta de massas. "Eu defendo o armamento do povo, também aqui na Venezuela".

Sobre o Plano Colômbia, explicou que é uma fraude cujo verdadeiro objetivo é, em primeiro lugar, tentar acabar com a guerrilha e ao mesmo tempo utilizar o fortalecimento militar do exército colombiano contra a revolução na América Latina e, particularmente, contra a revolução venezuelana. O marxista britânico explicou que a revolução venezuelana é uma inspiração para milhões de jovens e trabalhadores de todo o mundo. Mas, tal e como vem insistindo em todos os atos de seu giro pela Venezuela apresentando o livro Reformismo ou Revolução. Marxismo e socialismo do século XXI advertiu que "na Venezuela há uma revolução, mas não está terminada. E não se pode fazer uma revolução pela metade". Alan insistiu na necessidade de estatizar os bancos, as terras e as grandes empresas sob controle operário, como único modo de resolver os problemas das massas, planificar a economia democraticamente e completar a revolução. Também chamou todos os revolucionários a construir o PSUV e defendeu a necessidade de fortalecê-lo ideologicamente com as idéias do marxismo.

Após a entrevista de ontem na VTV, feita por Vanesa Davies, que teve uma ampla audiência, na quinta-feira, dia 3 de julho, o camarada Alan Woods tinha combinado de assistir a uma serie de eventos organizados pelo candidato ao governo pelo PSUV, Adán Chávez, no estado Barinas. Entretanto, uma chamada do despacho da presidência, na última hora da noite de quarta, em que um oficial lhe informava que o presidente Chávez queria lhe convidar a um evento em Nueva Esparta (Isla Margarita). Para isto lhe pegou às 8 da manhã no avião presidencial com o fim de se desembarcar nesta ilha. O Presidente Chávez, segundo comentou mais tarde a Alan, havia se inteirado de sua presencia na Venezuela por sua entrevista no programa "Contragolpe" de Vanesa Davies.

Por volta de quarenta minutos de viagem, o avião presidencial chegou a Margarita. No aeroporto se encontrava a recepção oficial encabeçada pelo ministro de assuntos exteriores Nicolás Maduro, o ministro de comunicação Andrés Izarra, e diversas autoridades civis e militares. Um contingente da força armada nacional com banda de música e um grande número de militantes de base do PSUV com bandeiras vermelhas receberam o presidente. Ao sair do avião o camarada Woods foi saudado por Nicolás Maduro e Andrés Izarra. Minutos depois, saiu do avião o presidente Chávez que saudou em primeiro lugar ao camarada Alan trocando umas palavras nas quais ressaltou a nacionalização de Sidor e outras empresas. Referindo-se ao livro Reformismo ou revolução, o Presidente expressou sua apreciação do mesmo. Voltando-se a Nicolás Maduro exclamou: "Pulverizou Dieterich! Alan tem um senso de humor muito fino". Em particular, a seção titulada: "Vermes e borboletas" lhe havia parecido particularmente divertida. Em seguida, alguém lhe apresentou o Carlos Rodríguez, membro dirigente da CMR e Chávez exclamou: "Viva Marx! Necessitamos-lhe mais do que nunca!”.

Após saudar à cabeça da delegação no aeroporto, a comitiva presidencial se dirigiu até o Hotel Hesperia de Margarita. A viagem, que durou 20 minutos, se realizou por terra entre uma massa de trabalhadores e militantes do PSUV com flanelas vermelhas que homenageavam ao Presidente. No hotel mencionado se desenvolvia o VII Encontro de Ministros de Informação do Movimento de Países Não-Alinhados. O evento foi apresentado por Felipe Pérez Roque, chanceler cubano, que falou contra a "tirania midiática" que trata de submeter aos países que tentam levantar-se contra o jugo do imperialismo. Em seguida falou o presidente Chávez, que durante duas horas e meia se dirigiu aos ministros e funcionários ali presentes. Num discurso inflamado, Chávez atacou ao imperialismo e ao capitalismo e defendeu o socialismo como a única solução para salvar la humanidade. No transcurso de sua intervenção mencionou ao camarada Alan em cinco ocasiões, cada vez que se referia ao marxismo e as nacionalizações: "Temos presente aqui Alan Woods, da Corrente Marxista Internacional. O marxismo ressuscita!" Mencionando que ele havia visto a entrevista com Vanesa Davies na noite anterior, disse: "Alan fez algumas críticas e eu tomei nota das mesmas. Tenho muito respeito com as opiniões dos marxistas".

Ao finalizar o evento no Hotel Hesperia se formou uma caravana de carros que avançou por vários municípios de Nueva Esparta. A mesma era encabeçada por um jeep dirigido pelo presidente Chávez junto ao qual ia o candidato do PSUV ao governo do estado, William Fariña. Chávez ia saudando em sua passagem a população que entusiasmadamente saudava ao Presidente. Ele parava seu carro e saudava ao povo que se aproximava. Em princípio, o camarada Alan Woods estava em outro veículo, a cerca de cem metros do Presidente. Em um dado momento, um membro da Guarda do Presidente que se encontrava no mesmo carro que o camarada Alan lhe perguntou: "Alan Woods? É você?” “Uma moto vem te pegar para lhe levar até o carro que dirige o presidente Chávez". Efetivamente, em poucos segundos uma poderosa moto recolheu Alan e o conduziu velozmente, desviando da população e os veículos que se encontravam no caminho, até chegar ao carro do Presidente. Puseram Alan no carro e prosseguiu a caravana com o presidente. No carro pude observar como as bases revolucionárias seguem tendo um enorme entusiasmo pelo comandante Chávez.

Homens, mulheres e crianças se aproximavam emocionados para saudar afetuosamente e mostrar seu apoio à revolução. Durante a viagem o presidente Chávez conversou com Alan Woods sobre várias questões. Em meio ao fervor do povo, o presidente se voltou a Alan e lhe disse: "Veja Alan, apesar de todas as falhas da Revolução Bolivariana, esta revolução segue com vida", afirmação claramente demonstrável pelo entusiasmo da multidão que cercava o carro do presidente com gritos de "Viva Chávez"!


Diário Bolivariano VEA
Diário VEA, resenha do ato de Alan Woods na SIDOR

Depois, Chávez disse com um gesto de frustração: "Fizemos tudo isto, e, no entanto não temos sido capazes de ganhar o governador daqui", e indicando o candidato Willian Farinãs, perguntou: "Alan, se este homem é eleito, o que ele tem que fazer? Alan respondeu imediatamente: "Tem que escutar o povo, entender sua mensagem e levá-la à pratica". "Exatamente", disse Chávez, "Mas aí está nosso problema”. “Alguns governadores depois de serem eleitos, perdem o contato com a base”."Se rodeiam de gente rica, mulheres bonitas... Perdem contato com o povo". "É um problema ideológico. Como não temos governadores ideologicamente preparados, sempre vamos ter o mesmo problema”. “Há que ganhar a batalha das idéias”. “Você é um bom escritor, por que não pode escrever alguns folhetos explicando as idéias do socialismo de uma maneira acessível?”. “Poderíamos distribuí-los massivamente".


Alan respondeu: "Sim, eu posso fazer, e estou de acordo que falta a luta ideológica no partido, mas também faltam mecanismos de controle para o povo".
Neste momento, pela primeira vez, se notou certo cansaço na voz do presidente. "Eu não posso fazer tudo". "É absolutamente necessário que o povo participe em todo este processo e tome o controle em suas mãos",
disse Chávez.
Nesse momento, a conversa se viu interrompida por gritos e aplausos das massas, com suas palavras de apoio, beijos e pedidos. Novamente rodeavam e impediam o carro do presidente Chávez de chegar.


Essas são algumas das contradições que tem a revolução e que devem ser resolvidas.

Quinta, 03 de julho de 2008.

Traduzido para o português pelos camaradas da Esquerda Marxista de BH.

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