11 de dezembro de 2008

FÉRIAS COLETIVAS E AMEAÇA DE DESEMPREGO

06/12/2008

Jornal Luta de Classes 

Publicamos aqui o editorial da edição nº.17 do Jornal Luta de Classes.

Enquanto todos os economistas e os consultores se contorcem para poder adivinhar quanto valerá a bolsa, o dólar ou o ouro na semana que vem; enquanto alguns perdem bilhões e outros ganham bilhões, o desastre criado pelo capitalismo começa a chegar ao povo: as empresas anunciam demissões e férias coletivas no Brasil e no mundo. As estatísticas que nos chegam do mundo apavoram: na Europa, uma média de 10 mil demissões por dia, nos EUA o número de pedidos de seguro desemprego ultrapassa a média de 500 mil por mês, prevê-se uma queda do PIB de mais de 5% no último trimestre e anuncia-se agora, que o país está em recessão faz um ano, desde dez/2007! Na China, mais de 15 mil fábricas fechadas, mais de 10 milhões de desempregados.

Enquanto isso, os pacotes continuam a chegar para o bolso dos capitalistas. Nos EUA, a conta do governo está entre 5 e 8 trilhões de dólares! De 5 a 8 vezes o que o Brasil produz por ano, entre um terço e metade do que produz (PIB) os EUA em um ano! Aqui a conta foi mais modesta – 150 bilhões de reais. O dobro do que custaria corrigir os salários dos aposentados em um ano! E tudo isso foi gasto em dois meses.

FHC inventou o fator previdenciário e comprimiu os proventos dos aposentados e pensionistas. Lula continuou com tudo isso. Agora os projetos do Senador Paim, que acabam com o fator previdenciário e reajustam os proventos dos aposentados, foram aprovados e o governo recusa-se a dar seguimento, combate os projetos porque diz que vão custar 76 bilhões de reais em um ano! Ora, se esse dinheiro não existe, como existiu 150 bilhões para especuladores, exportadores e banqueiros? Para os aposentados e trabalhadores, nada! Para os ricos, tudo? O povo elegeu Lula para acabar com essa farra e a farra continua?

E os trabalhadores já estão sentindo a crise. A Folha de São Paulo (29/11) fala em 47 mil operários de montadoras em férias coletivas neste final de ano, com aumento do número de semanas em relação ao ano passado. O Globo (30/11) mostra 18 mil em férias coletivas no Sul Fluminense (região de Volta Redonda), 40% a mais que no ano passado e com demissões nas firmas terceirizadas. Embora em outubro tenha aumentado o número de empregados (com queda no salário médio), este aumento não aconteceu nas indústrias. Muitos investimentos previstos para o próximo ano continuarão, mas a FIESP estima uma queda de 40% nesta previsão. Resultado: diminuição do emprego, mais arrocho salarial.

Os trilhões que estão sendo gastos no Brasil e no mundo resolverão o problema de alguns bilionários, de algumas empresas. Mas aumentarão a miséria dos trabalhadores e do povo pobre que terão que pagar a conta em desemprego, arrocho e miséria. Existe outra saída? Existe. Romper com a burguesia e atacar o capitalismo: estatizar sob o controle operário as indústrias e os bancos, distribuir terra para quem nela vive e trabalha. Este é o combate que a Esquerda Marxista leva, no PT, na CUT, no movimento operário e para o qual convida os trabalhadores e jovens a integrar os seus quadros.

10 de dezembro de 2008

EUA: Os trabalhadores ocupam uma fábrica em Chicago

Escrito por David May

Segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Na sexta-feira, cerca de 300 trabalhadores da fábrica Republic Window & Door, de Chicago, ocuparam a planta exigindo o pagamento dos salários atrasados e indenizações que a empresa deve. Pela primeira vez desde o nascimento da federação sindical CIO, nos anos trinta, os trabalhadores norte-americanos ocupam seu local de trabalho. Quando os empresários pressionam para jogar a carga do fracasso da economia sobre os ombros dos trabalhadores, a luta de classes regressa aos EUA. Os majoritariamente 300 militantes latinos da United Eletrical Workers [UE] começaram a ocupação antes que os empresários fechassem a fábrica. A empresa avisou os trabalhadores o fechamento em menos tempo que os 60 dias necessários, violando as leis trabalhistas federais. A empresa informou de que os lucros mensais haviam caído aproximadamente cerca de 25%, a 2,9 milhões de dólares. Mas continuava recebendo pedidos no último dia de funcionamento previsto, fazendo com que os trabalhadores duvidassem da necessidade que a empresa teria de fechar suas portas.

A direção da Republic disse aos trabalhadores que era necessário fechar a empresa para conseguir empréstimos de seu principal credor, o Bank of Marica. Os trabalhadores da UE organizaram um piquete em frente a sede do Banco em Chicago em 3 de dezembro. Apesar do banco e a direção da Republic pedirem o local 1.110 da UE uma reunião para discutir as indenizações e outras questões, a reunião foi sabotada quando a empresa não se apresentou. Os trabalhadores responderam ocupando a fábrica.

O Bank of America era um dos maiores bancos que participou no gigantesco plano de resgate de 7 bilhões de dólares, aprovado pelos partidos Democrata e Republicano no Congresso, em outubro passado. Também foi apoiado tanto por Barack Obama como por John McCain. Apesar de conseguir bilhões dos contribuintes, a maioria trabalhadores, os banqueiros se negam a utilizar o dinheiro público para outra coisa que não seja o lucro privado. Essa é a penosa realidade do capitalismo!

A outra face desta realidade é que não podem conseguir concessões significativas dos empresários, inclusive algo tão básico como uma indenização salarial, exceto mediante a luta de classes. Deveríamos perguntar que se o Bank of America está se “resgatando” com dinheiro público, por que não é de propriedade pública? Se Republic consente a ajuda pública, este dinheiro deveria ser utilizado para manter aberta a fábrica e os empregos dos trabalhadores. Se não há margem para que os empresários continuem fazendo lucros, então a fábrica deve ser de propriedade pública e sob controle democrático dos trabalhadores, sem nenhum tipo de compensação para os empresários e eliminando o motor que supõe o lucro. Enquanto isso, a única maneira na qual os trabalhadores podem receber a indenização e o dinheiro que lhes devem é mantendo a ocupação até que a administração e o Bank of America cedam.

Esta ocupação da fábrica é um exemplo para milhões de trabalhadores de todos os EUA, que enfrentam um aumento massivo das demissões, fechamentos de empresas, cortes salariais e de lucros. Já se organizaram assembléias de solidariedade na zona de Chicago. As federações sindicais AFL-CIO e Change to Win deveriam mobilizar o movimento operário em todo o país em apoio aos trabalhadores da Republic. Uma ofensa a um é uma ofensa a todos!

A Liga Internacional dos Trabalhadores (Workers International League) se solidariza com o local 1.111 da UE. Pedimos a nossos leitores e seguidores que enviem mensagens de solidariedade, pedimos que nossos sindicatos aprovem resoluções e organizem atos de solidariedade.

Pode-se enviar mensagens de solidariedade ao Local 1.111 da UE no seguinte e-mail:
leahfried@gmail.com

http://www.elmilitante.org/content/view/5214/86/

Grande onda de mobilizações por toda a Grécia, a polícia assassina um estudante

Escrito pelo Comitê de Redação do “Marxistiki Foni”

Segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

No sábado pela noite um oficial das forças especiais da polícia grega assassinou, em Exarchia (próximo a Atenas) um jovem estudante de 15 anos, Alexandros Grigoropoulos (a só 200 metros de onde temos nosso local). Esta é a forma moderna e “democrática” em que um policial respondeu às consignas habituais contra a polícia de um pequeno grupo de estudantes secundaristas, normais e totalmente desarmados, que se encontrava frente a ele. O oficial da polícia disparou contra o grupo de estudantes em uma zona onde há muitos cafés cheios de gente e, às nove da noite, quando se reúnem na região muitos jovens, para passar a noite.

Este ataque fascista, brutal e não provocado por parte da polícia grega criou um sentimento extenso e profundo de repugnância em toda a sociedade grega. Recorda a todos as ações criminosas das forças policiais gregas no passado, os anos negros da ditadura dos coronéis (1967-1974), mas, também, serviu para recordar à maioria das pessoas os métodos brutais da polícia grega durante os últimos quatro anos de governo da direita. Há dois anos, em Tesalónica, seis oficiais da polícia golpearam brutalmente e sem piedade a um estudante chipriota, provocando-lhe feridas graves, tanto físicas como psicológicas. No mesmo período um oficial de polícia feriu gravemente um jovem professor utilizando um punho de ferro. Regularmente muitos imigrantes são golpeados pela polícia grega, sobretudo nas estações [de metrô – N.T.] de Atenas, como demonstram muitos vídeos que foram transmitidos em distintas emissoras de televisão gregas. Tudo isto são só alguns exemplos das ações “democráticas” do Estado burguês grego, nos últimos anos de governo do partido Nova Democracia (ND).

Este assassinato teve um grande impacto sobre todos os trabalhadores e, em particular, sobre a juventude grega. Na noite do assassinato, milhares de jovens se mobilizaram espontaneamente em Atenas, Tesalónica e Patras, para demonstrar sua fúria, houve enfrentamentos com a polícia durante toda a noite. Hoje havia planificado outra concentração no centro de Atenas, que terá uma participação maior que a de ontem.

Desde as primeiras horas da manhã, os estudantes ocuparam muitos institutos por todo o país. No momento de escrever este artigo, os estudantes universitários estão reunidos em massivas assembléias gerais para decidir o que fazer. O Sindicato de Estudantes Secundaristas decidiram convocar uma greve de três dia e os sindicatos primários também decidiram sair amanhã à greve. O KKE (Partido Comunista Grego) e o Syriza, frente de esquerda do Synaspismos, também decidiram participar hoje na concentração.

Um elemento importante a destacar é que na quarta-feira da semana passada, antes do assassinato, a Confederação de Sindicatos de Trabalhadores Gregos no setor privado e público (GSEE e ADEDY) decidiram convocar uma greve geral contra a pobreza e a ameaça do desemprego para a classe operária grega. Sem dúvida, a greve geral será muito distinta depois do assassinato do jovem Alexandros.

O governo grego tentou acalmar a população prometendo um “castigo exemplar” para o oficial da polícia implicado no tiroteio, mas o ambiente que existe na sociedade faz que este tipo de promessa tenham um caráter muito limitado. As últimas enquetes demonstram que ND está 6-7% atrás do PASOK [socialista]. O voto combinado dos partidos operários supera os 60%. Existem todos os fatores para que no futuro próximo caiba o governo.

Nós, marxistas, apoiamos energicamente e participamos ativamente no grande movimento contra o terror policial, mas também explicamos que o assassinato do jovem Alexandros não foi um acidente, senão que é a expressão da natureza reacionária do Estado burguês e do atual governo do ND. O terrorismo de Estado, para a classe dominante, é uma arma necessária que apóia o sistema capitalista. A violência policial é a alma gêmea da pobreza, a exploração e as privatizações.

A brutalidade policial é um método da guerra de classe contra os trabalhadores. A classe dominante organiza a violência de classe contra os jovens e trabalhadores e, por isso, devemos reagir, todo o movimento operário deve se mobilizar utilizando os métodos da luta de classes. Se as organizações de massas da classe operária não mobilizam todas suas forças, cometerão um sério erro, deixando o movimento nas mãos dos anarquistas e grupos ultra-esquerdistas, que insistem em métodos cegos e aventureiros. A queima de automóveis e tendas como “método de luta” tem o efeito contrário do que se deseja. Estes métodos dão razão à polícia, que busca se apresentar como “a protetora da propriedade do povo”. Ajuda a desviar a atenção da responsabilidade que tem a polícia e criminaliza a juventude.

Cremos que os sindicatos, os partidos operários, o PASOK, o KKE e o Synaspismos, as organizações de massas da juventude, devem se unir imediatamente em uma frente única tanto contra o governo como contra o ataque generalizado lançado pela burguesia grega. O objetivo da greve geral deve ser derrubar o governo e começar a luta por um governo socialista de esquerda, que se baseie no movimento operário, nos pobres urbanos e rurais, para poder acabar com as instituições repressoras do Estado, acabar com a opressão e aplicar um verdadeiro programa socialista. Só com a expropriação das principais empresas capitalistas e as colocando sob controle operário, poderá erradicar de uma vez por todas a violência e escravidão capitalistas.

http://www.elmilitante.org/content/view/5215/85/

Venezuela: Os trabalhadores da VIVEX ocupam a fábrica e exigem a sua nacionalização

Escrito por Jorge Martin

Sábado, 06 de dezembro de 2008

Os trabalhadores da VIVEX, novamente estão em luta. Na sexta feira, 21 de novembro, como parte de uma luta prolongada. 360 trabalhadores da VIVEX ocuparam a fábrica no distrito industrial de Los Montones em Barcelona, no estado de Anzoategui. [Venezuela]. A fabrica produz vidros para a industria automobilística e os trabalhadores estão pedindo ao presidente Chávez que a nacionalize.  

A principal razão para ocupar a fábrica foi o não pagamento dos abonos (prêmios por produtividade) que estão incluídos no acordo de negociação coletiva. Segundo os dirigentes sindicais José Angel Hall, Darwin Wilche e Pablo Cumana: "a empresa disse que está em quebra e se nega a pagar os 120 dias de abono aos quais os trabalhadores têm direito". A empresa disse aos trabalhadores que lhes pagaria 15 dias, os trabalhadores responderam que a empresa devia tornar público seus livros de contas para comprovar se realmente tivera perdas ou não.  

O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores da Vivex (SINTRAVIVEX), Jean Sabino, informou que os trabalhadores haviam "ocupado o controle de operações da empresa porque o pessoal administrativo ausentara-se voluntariamente". O dirigente assinalou que os trabalhadores continuam trabalhando normalmente, porem não poderia garantir a distribuição de produtos acabados até que a situação legal da empresa não esteja clara.

A fabrica Vivex tem funcionado, durante a maior parte do ano, em apenas 50% de sua capacidade, utilizando a desculpa de que lhe falta acesso a uma moeda forte para comprar matérias primas. Isso provocou um efeito negativo em outras empresas automobilísticas, reduzindo a linha de produção, particularmente na Toyota e Mitsubishi (MMC).

O secretário geral do sindicato de trabalhadores da MMC, Félix Martínez, rechaçou as declarações de que a empresa está em bancarrota: "Somente neste forma fechadas seis empresas de componentes automotivos e foram reabertas pelos mesmos proprietários como 'cooperativas', esse é o meio para romper os contratos com os trabalhadores". Também demonstrou seu apoio aos trabalhadores da Vivex e advertiu a MMC de que ela não poderia adotar medidas similares contra seus próprios trabalhadores. O dirigente do Sintravivex, Jean Sabino, explicou que os trabalhadores estão "exigindo a intervenção do Estado para que possamos seguir produzindo com normalidade, porem sob controle operário".    

 

No dia 26 de novembro, o coordenador regional do Ministério do Trabalho, Alí Vélez, tentou entrar na empresa com os representantes da mesma, com a intenção de realizar reuniões. José Ángel Santoyo, um dos trabalhadores que participa da ocupação explicou que: "não aceitamos que eles entrassem porque não confiamos sem Vélez, sabemos que está mancomunado com a empresa e não seria a primeira vez que iniciaria uma reunião de conciliação e depois a abandonaria". Insistiu que eles somente falariam diretamente com o Ministro do Trabalho, Roberto Hernández.

No dia 1º de dezembro, segunda feira, os trabalhadores marcharam até a Assembléia Legislativa Estadual onde se reuniram com uma delegação de deputados estaduais convidando-os para que se dirigissem a todos os deputados estaduais no dia 4 de dezembro, quinta feira. "Nós. Entregamos um informe detalhado para o presidente Chávez", explicava um representante dos trabalhadores, José Ángel Hall, "explicando todos os abusos dos proprietários que participaram na conspiração do lockout patronal petroleiro e agora fazem o mesmo com os trabalhadores".

Durante a manifestação, o secretario geral do sindicato, Jean Carlos Sabino, mencionou a declaração de Chávez de que as "empresas que rompam os direitos dos trabalhadores ou não lhes paguem, deveriam ser expropriadas", pediu ao governo nacional que atuasse imediatamente. Acrescentou que o conflito já não era simplesmente por questões trabalhistas e que os trabalhadores "decidiram ir mais adiante que isso: estamos exigindo a expropriação da empresa, que seja nacionalizada sob gestão e controle operário".

Com a desculpa de "garantir o direito ao trabalho" aos trabalhadores dos escritórios e pessoal da direção, a empresa havia pedido para um tribunal que lhe fosse permitida a entrada na fábrica. Porém, na quarta feira, três de dezembro, os trabalhadores da Vivex impediram o pessoal da justiça e da policia, que eles entrassem na fabrica e que rompessem os cadeados.

Agitação na indústria automobilística  

A situação em toda a indústria automobilística é de agitação. Na quarta feria passada os trabalhadores da OCI Metalmecânica, em Valencia, estado de Carabobo, deixaram de trabalhar meio dia de trabalho para protestar contra a ruptura unilateral dos acordos de trabalho, por parte da empresa. Gustavo Martinez, secretário geral do Sutrafauto sindicato dos trabalhadores nesta empresa que fabrica tanques de combustíveis, na sua maioria para a Chrysler, declarou que a empresa não pagou as horas extras de novembro, quando deveria tê-lo feito. Avisou que se na segunda feira, 1º de dezembro, não pagarem as extras, os trabalhadores paralisarão a produção. 

Os trabalhadores da fabrica Toyota, em Cumaná, Estado de Sucre, também protestaram contra a decisão unilateral da empresa de colocar um de seus turnos de trabalho em férias não remuneradas. Argenis Vazques, um dos dirigentes do sindicato Sintratoyota, desse que esta medida não teria nada que ver com os problemas da Vivex, como algeva a empresa, senão que teria que ver com a superprodução: "O pátio da empresa está cheio de carros montados, a empresa tenta reduzir o estoque e quer que se danem os trabalhadores". Vasquez explicou que o gerente da empresa havia impedido sem razão alguma que o assessor do sindicato entrasse na fábrica. "Não podemos permitir que isso ocorra" disse ele. Ao final a Toyota aceitou não mandar ninguém de férias. 

Na fábrica da Ford em Valencia, estado de Carabobo,  os trabalhadores também estão protestando porque a empresa quer romper o acordo coletivo e não permitir que trabalhadores acrescentem seus dias livres às férias. O representante do Sintraford, sindicato local, Juan Aguilar, no dia três de dezembro disse que se não resolvessem o problema imediatamente convocariam a greve.

Os conflitos na indústria automobilística na Venezuela estão inseridos no contexto do "PLAN VENEZUELA MOVIL", um acordo entre o governo e as empresas automobilísticas introduzido em 2005. O objetivo do plano era desenvolver a industria automobilística venezuelana (baseado principalmente na montagem de componentes produzidos em outros locais), para permitir aos consumidores ter acesso e comprar carros a um preço razoável e com boas condições de financiamento e deste modo seriam criados mais empregos. O plano consistia na isenção de impostos para a venda de carros e também para as empresas que se comprometessem a aumentar a porcentagem de peças produzidas no país para determinados modelos inseridos nesse plano.  

"Venezuela Móvil", como explicam os dirigentes sindicais, realmente foi um desastre completo. Apesar do aumento da demanda de automóveis na Venezuela, as empresas se negam constantemente a investir em sua capacitação. Somente aproximadamente 10% dos automóveis vendidos em 2007 na Venezuela foram fabricados no país, os demais foram importados ou na maioria têm seus componentes importados. Os dirigentes sindicais do setor denunciaram também que, apesar das empresas terem ganhado mais ou menos 600.000 bolívares fortes pela isenção de impostos, elas empresas estão constantemente rompendo os acordos das negociações coletivas.

Eduardo Samán, do serviço de arrecadação de impostos SENIAT, tem denunciado em diversas ocasiões os exemplos de empresas que burlando os termos do acordo Venezuela Movil vendem os carros a preços mais elevados. Eduardo Samán afirma que "somente com a incorporação dos representantes dos trabalhadores no controle dos livros de contas" é que se pode solucionar  a situação.

Esta situação demonstra a natureza parasitaria do capitalismo. Como assinalava Rubén Linares, dirigente da UNT (União Nacional dos Trabalhadores, em construção na Venezuela), "um plano para renovar a frota de veículos utilizados nos transportes coletivos geraria 35 mil novos empregos no setor".

O fracasso da política reformista.

O "Plano Venezuela Móvil" foi um dos projetos carro chefe dos reformistas no governo Chávez e propagandeava a idéia de que a economia mista com um certo nível de intervenção federal era a alternativa. Buscaram a colaboração com os capitalistas privados para tentar reativar a economia, criar empregos, etc..porem está claro que fracassaram. È o momento de avançar até a nacionalização de toda a industria automobilística e que ela seja dirigida sob controle democrático dos trabalhadores para produzirem automóveis ao mercado e também para resolver os sérios problemas dos transportes públicos que vive o país. O que se aplica para a industria automobilística se pode também aplicar para o resto dos setores de propriedade privada da economia venezuelana.  

O presidente Chávez, na segunda feira, lançou um apelo para que os trabalhadores ocupassem as empresas que tinham problemas para pagar os salários e demais direitos. Os trabalhadores da Vivex atenderam a esse apelo. Durante meses os trabalhadores da indústria tem organizado assembléias nacionais para coordenar suas ações, inclusive  uma reunião importante de 600 trabalhadores em junho do ano passado, na qual falou  Alan Woods da Corrente Marxista Internacional, entre outros oradores. Alan Woods insistiu no papel da iniciativa dos trabalhadores na luta pelo socialismo. "Aqui na Venezuela, muitas pessoas olham para cima esperando que o presidente Chávez resolva seus problemas... é o povo e os trabalhadores que devem impulsionar, desde as bases, a revolução para frente, com a tomada e ocupação das fábricas para expropriar os capitalistas".

Agora os trabalhadores de Vivex deram o primeiro passo, obrigados pelas provocações dos empresários. Para que sua luta tenha êxito, necessita estender-se para outras empresas automobilísticas, onde já estão maduras as condições. Os trabalhadores também devem enquadrar seu conflito, como fazem corretamente, não simplesmente como um conflito por salários e condições de trabalho, que também são, mas também como parte da luta entre a revolução e a contra-revolução. Deste modo podem obter o apoio de toda a população, além do apoio da classe operária em geral.

O governo nacional deve intervir de um modo audaz e nacionalizar a empresa sob controle dos trabalhadores. O presidente Chávez iniciou uma campanha para reformar a constituição para que ele possa concorrer de novo ao cargo. Esta é outra batalha importante, porem não se pode ganhar nada sem um movimento decisivo até o socialismo.

Enviar mensagens de solidariedade aos trabalhadores da Vivex para:

Freteco: frentecontrolobrero@gmail.com
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Sindicato Nueva Generación, MMC: sindicatonuevageneracion@gmail.com

A IMPA é dos Trabalhadores e do Povo

Por Movimento Nacional de Empresas Recuperadas da Argentina  

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Publicamos a tradução da declaração que foi difundida a todo o movimento operário na Argentina e em outros países, após a votação pela expropriação da IMPA pela Câmara de Buenos Aires. 

Na quinta-feira, 04 de Dezembro de 2008, os trabalhadores do MNER (Movimento Nacional de Empresas Recuperadas) conseguiram que a Legislatura Portenha (de Buenos Aires – capital da Argentina) sancionasse a lei que declara os imóveis da fábrica recuperada IMPA como de utilidade pública e sujeitos a expropriação. 
 
Os dez anos de luta, a história da Impa, a justeza da reivindicação e a compreensão de que não havia outro caminho para resolver o conflito sem violência - já que sabiam de nossa decisão de resistir com nossas vidas a qualquer tentativa de despejo -, se viram refletidos no voto afirmativo dos 51 legisladores da cidade que estavam presentes. 
 
A IMPA é uma das primeiras empresas recuperadas da Argentina. Dela surgiu um método de luta diferente que permitiu conservar e criar milhares de postos de trabalho ao mesmo tempo em que deu origem ao Movimento Nacional de Empresas Recuperadas da Argentina. 
 
Nada disso seria possível sem a solidariedade e a luta dos diferentes movimentos sociais nacionais e internacionais, os militantes, as assembléias de bairro, os vizinhos, os educadores, a gente da arte, os militantes do Partido Obrero, do C.C.C. e os milhares de "simples cidadãos" que alguma vez se aproximaram da IMPA para dar uma mão.  
 
Agradecemos especialmente aos trabalhadores da UST (União Solidária de Trabalhadores) por sua ação no dia mais duro, o da repressão; aos colegas do C.E.I.P., educadores e estudantes dos cursos secundários populares; ao colega Serge Goulart coordenador nacional das Fábricas Ocupadas do Brasil que esteve em cada momento difícil da Impa demonstrando a necessidade do internacionalismo dos trabalhadores. 
 
Na IMPA, desde maio de 1998, seus 80 trabalhadores levam a sério o lema: OCUPAR-RESISTIR-PRODUZIR, enfrentando diariamente um mercado capitalista que propõe a concorrência desmedida, à que eles respondem com mais solidariedade, pois concebem que esta supera a concorrência. 
 
Hoje, mais do que nunca, no contexto nacional e internacional que vivemos, a IMPA será exemplo aos milhares de trabalhadores que terão que ocupar as empresas e pô-las a produzir. Ao mesmo tempo, fazer todo o esforço para liquidar o sistema capitalista que nos oprime, para o quê não é suficiente tomar a fábrica e pô-la a produzir. São eles ou nós, não há meio termo. 
 
A IMPA humildemente, enquanto uma empresa recuperada, hoje convoca nosso povo a perder a paciência e sair a lutar. Para isso precisamos que do povo saiam novos dirigentes para esta etapa. Não se concebe uma direção sindical como a atual, que peça ao povo para que pague os salários e o financiamento para as empresas privadas, enquanto deixam as unidades produtivas nas mãos dos capitalistas. Não se pode pedir que se forme um conselho econômico social com a burguesia e a oligarquia provincial representada pelos governadores, para ver como resolvemos a crise para os capitalistas.  
 
Há que tomar as empresas que demitam um só trabalhador, há que expropriar a todos os monopólios formadores de preço para que sejam conduzidos pelo Estado e os trabalhadores, há que lutar pelas 6 horas diárias de trabalho sem redução dos salários, não há que pagar um tostão a mais de dívida externa, há que romper com o MERCOSUL das multinacionais e convocar à proposta de integração entre os povos na perspectiva da ALBA, proposta há vários anos pelo Parceiro Comandante Hugo Chávez. 
 
Eles, os capitalistas, estão cambaleando e há que chegar ao nocaute e isso só é possível nas ruas. Há que convocar à greve com piquetes. Se não o fazemos, seremos cúmplices da próxima barbárie que nosso povo venha a viver. 
 
A IMPA é dos trabalhadores!  
 
Sua luta não se negocia nem se vende!  
 
Marcelo Castillo (IMPA) 
Eduardo Murua (MNER)